sexta-feira, agosto 07, 2009

O POLVO

O POLVO

Sem dúvida que existem excepções na Administração Pública: pessoas competentes, empenhadas e diligentes. Mas não passam disso mesmo, excepções.

O resto é uma máquina pesada, ineficiente e caríssima que asfixia este país.

Atingindo todos os sectores mesmo os mais nevrálgicos como a Saúde, a Educação e a Justiça. E não há estado de direito que resista, por muito perfeita que sejam a Constituição e as leis.

Tendo os agentes dessa administração a noção, correcta alias, que os seus votos são um peso decisivo no “jogo” democrático e que, por conseguinte, não há partido, com ambições de poder, que se “atreva” a desafiá-los.

E assim tem sido desde o 25 de Abril. O que leva a que saudosos do salazarismo e outros-que-melhor-não-entendem façam apelos ao regresso ao passado.

Confundindo tudo. Porque o que este país precisa não é de uma versão reciclada do dinossauro excelentíssimo mas sim de uma autoridade democrática que cumpra e faça cumprir as leis.

Uma autoridade constituída com base no voto e no sufrágio popular mas que se decida a servir e não a servir-se. Que saiba usar, sem tibiezas ou complexos, a autoridade que lhe foi conferida para defender os cidadãos e os seus direitos.

Sobretudo num país em que a ileteracia ainda tem um peso muitíssimo significativo e aonde as tradições democráticas são muito recentes e que, por isso mesmo, precisam de ser consolidadas pelo exemplo que tem que vir precisamente da classe política e dos agentes da administração.

Muito se escrito sobre isto, muito tem se tem barafustado mas sem resultados à vista. A abstenção aumenta sistematicamente e os exemplos que por ai abundam em nada ajudam.

Veja-se o último caso bem ilustrativo da javardisse a que chegou a política portuguesa. Um politico é condenado em tribunal a prisão efectiva e a perda de mandato e tudo o que se lembra é de começar, nesse momento, a sua campanha para as próximas eleições!

Tudo isto não é normal e atesta, eloquentemente, a degradação a que chegou a cidadania em Portugal. Uns fingem que não estão a ver, outros que não percebem e o povinho, esse “coitado”, fica de boca aberta a indagar-se sobre para que servem os tribunais e a justiça.

A nossa democracia bem precisa de uma lufada de ar fresco, que terá de vir de um número crescente de pessoas que, individualmente ou organizadas, passem a exercer uma cidadania esclarecida, interventora e fortemente reivindicativa.

Assim não sendo o polvo não parará de crescer.



P E D R O D A M A S C E N O

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