sexta-feira, setembro 17, 2010

Parabéns Pico. Parabéns Triângulo

Parabéns Pico
Parabéns Triângulo


A eleição da Paisagem Vulcânica da Ilha do Pico como uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal foi não só um acto de justiça mas também o galardão que o Pico precisava para se afirmar, em definitivo, como um destino especial.

Não sendo demais salientar que o prémio diz respeito à paisagem vulcânica da ilha e não apenas à montanha mais alta de Portugal. Montanha que terá levado 240 mil anos a formar-se, resultando de inúmeras erupções vulcânicas que moldaram essa grandiosa paisagem.

Espectáculo que deverá ter sido empolgante e que nos deixou marcas que, agora, assumem uma mística cantada por poetas e sentida por todos. Como disse Natália Correia : “Onde vos retiver a beleza dum lugar, há um Deus que vos indica o caminho do espírito."

E o Pico é isso mesmo: uma beleza que nos retém e aonde há um Deus que nos leva para os caminhos do espírito. As cicatrizes do grande fogo que brotou das entranhas do planeta e que atestam a grandeza dessa criação que tantas paixões e ódios tem suscitado. Uma vertigem sensorial que marca, irremediavelmente, quem por cá passa com olhos de ver.

Piquinho do Pico, seis da manha de qualquer um bom dia de Julho. Sem uma nuvem, num silêncio profundo que convida à prece estende-se, perante nós, o oceano infinito salpicado pelas ilhas que daqui se avistam. Nascendo, lentamente, o sol por trás de São Jorge e tendo junto de nós uma fumarola que nos aquece da geada do amanhecer.

É partir para nunca mais deixar de regressar: um amor de vida, insubstituível!

Parabéns Triângulo porque o Pico é património de fidelidade diária do Faial e de São Jorge. Ilhas que lhe garantem essa imponência e profundidade que só de lá é possível apreender e fruir. O Pico sem o Triângulo nunca seria uma ilha completa. Faltar-lhe-ia sempre esse precioso jogo de espelhos dos canais do nosso dia-a-dia.

É uma vivência cúmplice, um concubinato que só agora começa a ser assumido na sua plenitude e que dará mais terra aos Açores que, além de serem ilhas, são um arquipélago que pouco se sente mas que aqui assume a sua expressão máxima.

Só a má “estória” atirou estas ilhas para arrufos que apenas nos enfraqueceram e nos puseram de costas voltadas quando, no fundo, passávamos a vida a espreitar-nos uns aos outros. Amores furtivos que viviam disfarçados de malquerenças.

Parabéns Pico. Parabéns Triângulo.


PEDRO DAMASCENO

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