sexta-feira, outubro 08, 2010

Finalmente - Aeroporto do Pico?

Finalmente – Aeroporto do Pico!?


O encerramento para obras, previsto para breve, da pista de São Jorge vai implicar a deslocação para o Pico do tráfego daquela ilha. O que implicará que o aeroporto do Pico passe a servir cerca de vinte cinco mil pessoas.

Situação que obviamente irá colocar novos desafios ao tráfego aéreo de/e para o Pico. Embora a informação oficial da duração das obras aponte para período muito curto estas estarão sempre condicionadas a factores exógenos entre os quais avultam as condições climatéricas.

Desafios que a estrutura aeroportuária desta ilha está em perfeitas condições de satisfazer, salvo o malfadado abastecimento das aeronaves – processo com contornos e atrasos incompreensíveis para o comum dos mortais.

Sendo sabido que o investimento até agora realizado no Pico não tem tido remuneração em termos de prestação de serviços, quer no que diz respeito ao seu papel de gateway quer no que diz respeito à sua proximidade de São Jorge e ao papel de complementaridade que deveria ter em relação ao aeroporto da Horta.

Em contradição com as convicções de um ex-alto responsável da SATA que previa para o Pico um protagonismo decisivo para as ligações do Triângulo com o exterior e dentro Açores dada a sua centralidade e o seu carácter de alternativa a Castelo Branco.

Tendo-se criado , somente, o voo de má figura dos sábados para se dar, apenas, cumprimento à promessa da criação da gateway do Pico, voo que não interessa nem ao Menino Jesus e que, serve simultaneamente, de farisaica fundamentação para a absurda afirmação de que esta ilha não tem mais voos porque tem oferta e não tem procura!

A Ilha do Pico não tem oferta de voos para o/e do exterior. Tem apenas um faz de conta que não serve a ninguém: nem turistas nem locais. Toda agente sabe isso.

Passando a servir, agora, mais dez mil pessoas estima-se estarem reunidas as condições para se iniciar uma nova era da sua gateway com a concretização de, pelo menos, dois voos semanais (segunda e sextas) o que para além de vir satisfazer anseios legítimos se afigura como uma medida comercial de elementar bom senso.

Longe vão os tempos em que as reivindicações de carácter meramente bairrista faziam sentido. Hoje tem que se apostar, cada vez mais, na boa gestão dos recursos e numa análise dos números, actualizada e correcta.

A importância crescente da Ilha do Pico no contexto regional é bem visível a olho nú e só não vê quem não quer. Seja nos sectores primários e da transformação seja no estratégico sector do turismo, a afirmação desta ilha é inegável e imparável.

Insistir em manter o Aeroporto da Horta como a única getway, objectiva e real, das ilhas do Triângulo é, antes de tudo, um clamoroso erro de análise e de gestão. Quer por parte das companhias aéreas quer por parte dos responsáveis pelo sector dos transportes.

Erro que, alias, contradiz completamente o investimento muito vultuoso que foi feito no Pico. Das duas uma: ou se fez um investimento impensado e sem fundamento ou então estão a subordinar-se os interesses de um boa gestão dos recursos e de uma visão estratégica de desenvolvimento a inexplicáveis razões que a razão desconhece.

Por muito curto que seja o encerramento de São Jorge bem pode esperar-se que estes mais dez mil utentes do Aeroporto do Pico sejam o talismã e a oportunidade para teste e mudança. Que servirá a todos, quer no plano pessoal quer no plano da economia, pura e dura.

Já não é sem tempo!



PEDRO DAMASCENO

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