sexta-feira, outubro 14, 2011

WALL STREET

A economia está chocar contra todos nós
Movimento “Ocupar Wall Street”




WALL STREET


Wall Street, o centro financeiro do mundo como tem sido designado, conhece hoje um movimento de contestação que ameaça ter chegado para ficar e alastrar.

Um protesto que se inicia por causa da diferença progressiva de vencimentos que começa a cilindrar a classe média americana aumentando a classe dos pobres e criando uma subclasse de jovens capazes e dispostos a trabalhar mas manietados pelo desemprego.

Os manifestantes afirmam que representam 99% de Americanos pretendendo com isso dizer que a concentração de riqueza na mão de uns poucos atingiu níveis nunca vistos. Mesmo antes da última crise (2008) essa riqueza representava 23, 5% do total, o valor mais alto desde 1928 e mais do dobro do que acontecia na década de 70!

Ironicamente, depois de ter “derrotado” o mundo comunista, o sistema capitalista começa a sentir no seu próprio centro uma contestação que ocorre não por iniciativa das massas proletárias - como previu Marx – mas por causa da erosão da classe média e do desespero de jovens licenciados no desemprego.

Um conjunto grande e variado de pessoas ( a contestação já se expandiu a Washington, Chicago, Boston e outras cidades) identificou a especulação financeira e o lucro desmedido como os grandes inimigos da sociedade americana associando-os à Bolsa de Nova Iorque e aos grandes bancos.

Não se tendo virado, significativamente, contra as empresas que produzem riqueza e criam empregos e que sempre foram o cerne do capitalismo mas contra a especulação bolsista, os derivados financeiros, as off-shore e, agora, os computadores supersónicos capazes efectuar de transacções mais rápidas-do-que-o-diabo-esfrega-um-olho e que se tornaram na Meca do dinheiro fácil.


A falência em 2008 do super-banco Lehman Brothers deixou cicatrizes profundas no tecido social americano para além de ter despoletado uma crise financeira internacional cujos efeitos nós próprios sentimos, hoje, bem na pele.

Tornando-se cada vez mais claro que os políticos e os legisladores prescindiram do seu papel de reguladores e mediadores e sucumbiram à grande nebulosa dos mercados que se tornaram na desculpa universal para todos os nossos males.

A especulação financeira apoderou-se do sistema capitalista bloqueando o que venha a pôr em causa essa maneira de fazer dinheiro. Qual eucalipto foi secando tudo à sua volta nomeadamente a possibilidade das empresas se financiarem adequadamente.

Não havendo empresas robustas não há progressão no investimento produtivo, na criação de emprego e no estímulo ao consumo. Subindo o desemprego, caindo o investimento e o consumo desce o PIB e surge, inevitavelmente, a recessão.

Os manifestantes de Wall Street estão – no essencial – a dirigir-se aos seus lideres políticos para que eles ponham termo à crescente desigualdade que existe nas terras da América e que só poderá conduzir a quebras na educação, na saúde e no investimento público.

Estão a reivindicar mais atenção para os mais desprotegidos e menos protecção para os extremamente beneficiados que continuam a marcar a agenda política americana. Estão claramente a dizer que o actual estado de coisas se aproxima da roptura.

O desafio é claro: ou o sistema se regenera e coloca no centro da agenda as desigualdades sociais profundas e cria novas oportunidades ao empreendedorismo e às empresas ou arrisca-se a ter, mais cedo ou mais tarde, a sua Praça Tahir.

O Facebook é universal e já provou que funciona.



P E D R O D A M A S C E N O

Sem comentários: