sexta-feira, agosto 24, 2012

Por quem os sinos não dobram


F A C E     O C U L T A



                                                          




Por quem os sinos não dobram



            Perante a impotência da comunidade internacional, os massacres na Síria continuam a um ritmo alucinante com perdas incontáveis de vidas e prejuízos pecuniários muito vultuosos.

            A própria comunidade islâmica que se mobilizou (ou para tal foi manipulada) de forma bem agressiva em torno da questão menor das caricaturas do Profeta Maomé parece estar, agora, quase indiferente perante a tragédia.

            Embora reconhecendo a delicadeza política da situação, nomeadamente tendo em conta os exemplos do Afeganistão e do Iraque, é impressionante a incapacidade da diplomacia convencional para mediar a verdadeira guerra civil que se vive no país

Como foi presenciado por jornalistas portugueses “mata-se às cegas e sem critério” numa chacina arrepiante e, o que ainda é pior, em nome de Alá que é grande. Num retrocesso civilizacional horrendo numa área de tantos pergaminhos.

Cerca de 2,5 milhões de sírios vivem numa situação de grande carência tendo cerca de 157.600 pessoas fugido da Síria com destino ao Líbano, Jordânia, Turquia e Iraque num ambiente de falta de alimentos, electricidade e material médico.

Factos que tornam a nossa crise quase numa brincadeira de crianças e todas as nossas carências num passeio tranquilo. O que não anulando as nossas dificuldades as põem numa outra perspectiva.

São coisas bem diferentes mas as comparações são inevitáveis.
             
Nem a mesmo a constante mediatização da destruição de pessoas e bens consegue mobilizar a comunidade internacional, sobretudo a árabe e muçulmana, e ajudar a criar condições para a paz.

            A situação da Síria é mais um barril pólvora na frágil situação do Médio Oriente que poderá ser agravada por um eventual conflito Irão-Israel que, a acontecer, teria consequências gravíssimas a nível mundial.

            A globalização e a rapidez das comunicações implicam riscos sistémicos evidentes que ultrapassam o folheto televisivo da guerra na Síria ou as afirmações irresponsáveis do Presidente do Irão.

            Um conflito bem mais alargado poderá ocorrer a qualquer momento. A pólvora e o lume estão lá e só o bom senso e um grande esforço internacional o poderá evitar. Nem Assad vai baixar os braços nem as forças “revolucionárias” vão depor as armas.

            As conversações entre líderes mundiais sucedem-se e as tentativas de mediação prosseguem mas sem fim à vista. Os sinos não dobram, realmente, pelos elos mais fracos da cadeia que são as populações indefesas de crianças, mulheres e idosos.
           
         

P E D R O    D A M A S C E N O
           
           
            

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