F A C E O C U
L T A
Por quem os sinos não dobram
Perante
a impotência da comunidade internacional, os massacres na Síria continuam a um
ritmo alucinante com perdas incontáveis de vidas e prejuízos pecuniários muito
vultuosos.
A própria
comunidade islâmica que se mobilizou (ou para tal foi manipulada) de forma bem
agressiva em torno da questão menor das caricaturas do Profeta Maomé parece
estar, agora, quase indiferente perante a tragédia.
Embora
reconhecendo a delicadeza política da situação, nomeadamente tendo em conta os
exemplos do Afeganistão e do Iraque, é impressionante a incapacidade da
diplomacia convencional para mediar a verdadeira guerra civil que se vive no
país
Como foi
presenciado por jornalistas portugueses “mata-se às cegas e sem critério” numa
chacina arrepiante e, o que ainda é pior, em nome de Alá que é grande. Num
retrocesso civilizacional horrendo numa área de tantos pergaminhos.
Cerca de 2,5
milhões de sírios vivem numa situação de grande carência tendo cerca de 157.600
pessoas fugido da Síria com destino ao Líbano, Jordânia, Turquia e Iraque num
ambiente de falta de alimentos, electricidade e material médico.
Factos que
tornam a nossa crise quase numa brincadeira de crianças e todas as nossas
carências num passeio tranquilo. O que não anulando as nossas dificuldades as
põem numa outra perspectiva.
São coisas bem
diferentes mas as comparações são inevitáveis.
Nem a mesmo a
constante mediatização da destruição de pessoas e bens consegue mobilizar a
comunidade internacional, sobretudo a árabe e muçulmana, e ajudar a criar
condições para a paz.
A
situação da Síria é mais um barril pólvora na frágil situação do Médio Oriente
que poderá ser agravada por um eventual conflito Irão-Israel que, a acontecer, teria
consequências gravíssimas a nível mundial.
A
globalização e a rapidez das comunicações implicam riscos sistémicos evidentes
que ultrapassam o folheto televisivo da guerra na Síria ou as afirmações
irresponsáveis do Presidente do Irão.
Um
conflito bem mais alargado poderá ocorrer a qualquer momento. A pólvora e o
lume estão lá e só o bom senso e um grande esforço internacional o poderá
evitar. Nem Assad vai baixar os braços nem as forças “revolucionárias” vão
depor as armas.
As
conversações entre líderes mundiais sucedem-se e as tentativas de mediação
prosseguem mas sem fim à vista. Os sinos não dobram, realmente, pelos elos mais
fracos da cadeia que são as populações indefesas de crianças, mulheres e
idosos.
P E D R O D A M A S C E N O
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