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A C E O C U L T A
PICO EM ALTA
(a quem de direito)
É
oficial (SREA): a única ilha que cresceu no turismo no primeiro semestre de
2012 foi o Pico, 5,7 % para ser mais preciso. Todas as outras ilhas tiveram um
decréscimo que chegou a um máximo de 30,7%!
Não
sendo este número, ainda que significativo, razão para embandeirar em arco não
deixa de ser a confirmação daquilo que, intuitivamente, se vinha sentindo: a
Ilha do Pico tem vindo a aumentar a sua notoriedade e a consolidar uma sustentabilidade
significativa.
Ou seja,
a Ilha Montanha, começou a descolar claramente do seu fadário ancestral de
“ilha do futuro” para se tornar num caso do sector do turismo
açoriano. Passem embora todas as limitações bem conhecidas nas acessibilidades.
Para
isso contribuíram, e muito, os estatutos de Património Mundial da UNESCO e de
uma das Sete Maravilhas Naturais de Portugal. Mas o resto estava cá e os
galardões e reconhecimentos só o vieram confirmar.
Tendo
optado por um turismo de natureza e rural, fugindo à hotelaria tradicional, a
ilha conseguiu subtrair-se à lógica dos grandes números/grandes operadores só
viável para destinos com condições para turismo de massas.
Sendo
que os Açores jamais poderão ser um destino de massas, de grandes números. Não
temos praias nem sol assegurado e ponto final parágrafo. Só poderemos ser um
destino diferenciado e de qualidade. Quanto mais depressa isto for
compreendido, melhor.
Tendo
concentrado o investimento em pequenas unidades, o Pico criou uma lógica de
rede que gera uma sustentabilidade que não é tão fortemente dependente dos
grandes operadores e que gera o seu próprio mercado, sobretudo pelo
passa-palavra.
Mas tudo
leva crer que esta dinâmica veio para ficar. O crescimento, embora lento, tem
sido contínuo e sente-se que quem cá esteve quer voltar e trazer amigos
consigo. Não se trata, por conseguinte, de uma moda mas da descoberta de um
gigante adormecido e afirmação de um destino apesar de todas as dificuldades de
acessibilidade conhecidas.
Por tudo
isso não se percebe a situação ridícula de existência de um mísero voo semanal
para Lisboa, ainda por cima, ao sábado. Bem como a falta de ligações
consistentes com os voos quer dos Estados Unidos/Canadá quer com os voos
directos da Europa.
Não há
razões nem económicas, operacionais ou mesmo teóricas que justifiquem tamanho
disparate. O Pico dispõe hoje de uma excelente pista, devidamente equipada e
que pode crescer quase ao preço da uva mijona. Só falta mesmo é perceber a
direcção das mudanças e os novos paradigmas.
Bem
sabemos que o hábito é das condições humanas mais difíceis de vencer e que a
inércia é um dos principais obstáculos ao desenvolvimento mas mesmo tudo isso
não consegue explicar as restrições do transporte aéreo de/para esta ilha.
Não
sendo adepto das teorias da conspiração ou de, odientas e poderosas, forças
políticas ocultas suponho que se tratará, mais prosaicamente, de um misto de
incompetência e comodismo de que quem podia e devia fazer e não fez/não faz.
Seja lá quem for.
Meus
senhores – transportadoras, políticos, associações empresariais, grupos de
cidadãos, jornalistas – vão, finalmente, arregaçar as mangas e olhar para isto
com olhos de ver, deixando a zona de conforto e pondo de lado as tradicionais desculpas/explicações
esfarrapadas?
Números
são números.
P E D R O D A M A S C E N O
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