F A C E O C U L T A
No rescaldo dos votos
Como em tudo o resto houve
quem gostasse (uma maioria confortável) e quem não gostasse dos resultados das
eleições regionais. É a vida. Mas o que verdadeiramente marcou este acto
eleitoral foi o seu elevado civismo.
Facto que comentadores
regionais e nacionais lembraram repetidamente. Mesmo na situação difícil que se
vive no país, toda a campanha decorreu sem qualquer incidente digno de registo.
E, mesmo, na hora da vitória/derrota o nível manteve-se.
Houve quem não resistisse
às comparações com a Madeira. E de facto era bom que isso fosse claro para toda
a gente – como penso que é – nomeadamente para os decisores políticos da
república. Quem cumpre compromissos e não utiliza a chantagem como arma política
deverá ser objecto de discriminação positiva.
Virada a página das
eleições estamos agora com um horizonte de 4 anos difíceis em que os Açores e
os Açorianos terão que estar primeiro. Os recursos financeiros são menores e o
mercado preferencial do continente tem vindo – e continuará – a retrair-se.
Teremos que contar essencialmente connosco e com os mercados europeus e
norte-americanos.
Apesar do grande
desenvolvimento que conhecemos com o advento da autonomia ainda nos
encontramos, felizmente, suficientemente perto das práticas da economia de
subsistência que nos poderão fornecer preciosas ferramentas de sobrevivência.
Com a excepção óbvia dos centros urbanos maiores.
As palavras-chaves terão
que ser criatividade, inovação e resiliência.
Os recursos terão que ser
geridos com grande rigor tendo que haver um combate sem tréguas a todas as
situações de abuso/fraude dos apoios sociais e um seguimento apertado de todas
iniciativas empresariais que tenham incentivos. Não é possível tolerar qualquer
tipo de abuso/desvio.
Os apoios sociais terão
que ser mantidos e eventualmente reforçados para quem realmente precisa e os
incentivos possivelmente majorados para as empresas viáveis que demonstrem condições
de criatividade/inovação/exportação. Cortando na má despesa e reforçando a
despesa indispensável para o crescimento da economia.
Sendo, simultaneamente, estruturante
estimular uma cultura de trabalho e produtividade que, ao longo dos anos de
vacas gordas, se foi perdendo. Sejam actividades por conta de outrem sejam
actividades próprias. O sentido de poupança e de ausência de desperdício terá
que voltar às nossas vidas, sejam privadas sejam oficiais.
Como nunca é preciso uma
liderança forte e mobilizadora que consiga trazer ao de cima o melhor de todos
nós e nos dê um sentido estratégico de desenvolvimento em que a política
desempenhe um papel central. Se a economia é o motor do crescimento a política
será sempre o seu painel de comando e o coração o seu veio de transmissão.
Todos assistimos ao que
leva uma economia em roda livre em que especulação financeira e os produtos
tóxicos tomam a dianteira e jugulam o investimento produtivo. O próprio FMI
recomenda maior regulação e melhor supervisão tendo percebido que o simples
apertar do cinto não é solução única.
Agora que nos Açores se dá
início a um novo ciclo político e a uma nova liderança que tem pela frente
desafios verdadeiramente colossais é, também, altura para estimular e apoiar.
Todos não seremos demais.
P E D R O D A M A S C E N O
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