F
A C E O C U L T A
"Deus queira que [os idosos] não sejam forçados a
viver até quando quiserem morrer. Eu sentir-me-ia muito mal sabendo que o
tratamento estaria a ser pago pelo Governo”
Taro Aso - ministro japonês das Finanças
EUTANÁSIA ECONÓMICA
Ou
Haraquíri Financeiro
Segundo
Taro Aso, novo ministro japonês das Finanças, os custos dos tratamentos, que
prolongam a vida a pessoas com doenças sem recuperação, são desnecessários e
penalizadores para a economia do país. Sem mais.
Ou seja
uma espécie de eutanásia económica: tudo o que é velho e não é para escapar
deve morrer depressa e não fazer o estado gastar dinheiro. No fundo todos nós,
já que não consta que alguém escape para sempre.
Para
além de pagar os impostos, directos e indirectos, deveriam os cidadãos ter
consciência de que é antieconómico viver mais do que o estritamente necessário.
Por outras palavras, desde que comecemos a dar chatices e despesas no ocaso das
nossas vidas.
Taro Aso
acrescentou ter dado ordens à sua família para não tentarem prolongar a sua
vida se adoecer! Afirmando que a sustentabilidade da segurança social passa por
deixar os idosos morrer rapidamente.
E não consta
que tenha sido exonerado ou se tenha demitido, para além das habituais
desculpas esfarrapadas.
A um passo
ficou por dizer, também, que é antieconómica qualquer investigação para o
tratamento e prevenção das doenças relacionadas com a idade. E, possivelmente,
que os promissores avanços no tratamento do cancro devem ser abandonados.
No fundo tratou-se
de lançar o conceito de cidadão descartável em função da sua inutilidade
produtiva e/ou do carácter crónico e irreversível das suas doenças devendo mesmo,
ele próprio, sujeitar-se a um haraquíri financeiro.
Tudo isto
acontece em 2013 num país supostamente civilizado!
Às malvas
deveria ir, pois, todo o edifício da valorização do idoso – a nata do
conhecimento e da experiencia de qualquer país. Arrasando o novo paradigma
médico da longevidade com qualidade de vida.
Num contexto em
que o grau de civismo e cultura de um país se mede justamente pelos cuidados
que tem para com as crianças, os idosos e os deficientes – os grupos mais
vulneráveis e susceptíveis à doença. Um dos pilares da cultura europeia e do
estado responsável pelos seus cidadãos.
Prevê-se que, até 2050, o número de pessoas com mais de
65 anos na UE cresça 70% e o número de pessoas com mais de 80 anos aumente
170%. Um dos principais desafios do nosso século será, pois, satisfazer a maior
procura de cuidados de saúde, adaptar os sistemas de saúde à nova realidade e
manter viáveis estes sistemas numa sociedade com menos população activa.
E essa
adaptação, para ser economicamente sustentável, não passa por deixar morrer os
“velhos” mais depressa mas sim por promover o envelhecimento activo e saudável
envolvendo investimentos na prevenção das doenças relacionadas com a idade e
pela valorização do trabalho sénior numa perspectiva de flexibilidade e
voluntariado.
As palavras do
ministro japonês são cruéis, absurdas e inquietantes. Sobretudo não terem
ocorrido numa qualquer república das bananas mas numa das mais fortes economias
mundiais e terem sido proferidas por um alto responsável político que já foi
primeiro-ministro.
Vade
retro Satanás!
Sem comentários:
Enviar um comentário