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A C E O C U L T A
TRANSPORTE AÉREO
(porventura o
grande desafio)
Admitindo
como base de trabalho que o Turismo é um o sector estratégico para
desenvolvimento dos Açores e que a dependência do avião é uma constante da
nossa vida, imprescindível se torna fazer uma reflexão sobre o transporte
aéreo.
Tema
difícil e polémico mas que, mesmo assim, ganha maior importância face às
políticas de liberalização do espaço aéreo que por aí vêm. Sendo que o actual
modelo não consegue dar as respostas urgentes que os cidadãos e a economia
precisam.
Embora
se tenham tomado iniciativas de grande mérito como foi o caso da SATA
Internacional que se tornou numa verdadeira companhia de bandeira da Região,
muito há a fazer para preservar e fomentar a coesão regional e a igualdade de
oportunidades para todas as ilhas.
No fundo
as traves mestras do grande desiderato da Autonomia e o desafio maior da
governação dos Açores pelos Açorianos. Sem nunca perder de vista as
potencialidades muito diferentes das diferentes ilhas há que minimizar ao
máximo possível as assimetrias evitáveis.
Não
esquecendo que o transporte aéreo deverá ser tangencialmente auto-suficiente em
termos financeiros de modo a evitar um défice crónico e insustentável a
médio/longo prazo. Há que garantir um acesso, tanto quanto possível, igual a
todos açorianos mas, sobretudo um preço igual.
Um
Corvo-Lisboa-Corvo nunca não deverá ser mais caro que um Ponta
Delgada-Lisboa-Ponta Delgada da mesma forma que viajar entre as ilhas deverá
ter preços equitativos. E as possibilidade de escoamento dos nossos produtos
terão que seguir a mesma lógica.
Obviamente essa
equidade, conquista central da autonomia, tem custos acrescidos que deverão ser
absorvidos por rotas mais rentáveis como as da Terceira e São Miguel.
Perdendo-se, porventura, algumas get-ways mas criando-se um verdadeiro hub (placa
giratória) que torne a operação para e do exterior mais rentável.
Não se podendo
ter tudo não é realista a manutenção da actual dispersão de entradas e saídas
da Região nem os custos operacionais que tornam o modelo insustentável. Sendo,
isso sim, essencial criar melhores acessibilidades e, sobretudo, melhor
articulação entre os voos internos e entre estes e os externos.
O essencial é
promover a equidade entre os açorianos e tornar as rotas de e para o exterior
competitivas em termos do mercado internacional. Já que, com todas as
modalidades que se tem adoptado, continua a ser exorbitantemente caro vir aos
Açores.
Não se
preconizando preços low-cost torna-se indispensável praticar preços que nos
ponham numa senda verdadeiramente competitiva com os nossos tradicionais
concorrentes como, por exemplo, a Madeira e as Canárias.
Promovendo e
incentivando a criação de voos charter sempre que a dinâmica empresarial e de
mercado assim o impuser, seja para o Pico, Faial ou qualquer outra das get-ways
existentes. Seja provenientes da Europa Central seja da América do Norte (USA e
Canada).
Não sendo nem
podendo vir a ser um destino de massas os Açores precisam, contudo, de tornar o
transporte aéreo para e do exterior numa comodidade de mais-valia criando um
produto com elevado equilíbrio qualidade/preço e uma verdadeira ferramenta de
exportação.
Agilizando a
gestão e gerando uma paleta robusta de produtos que tirem partido de economias
de escala e nasçam da criatividade que é possível estimular numa região com 9
pistas e que se situa em pleno Atlântico, meio caminho entre o Velho e o Novo
Mundo.
1 comentário:
relativamente à sua última crónica no ilha maior (20.06.2014) foi mal informado quanto à performance do A320. Não interessa que tenha ou não tanques extra porque à partida o peso com que pode sair da pista do pico é limitado.
Fazendo umas aproximações por alto:
pix-bos ronda as 1950 milhas náuticas, o que sem vento pode ser precorrido por um a320 em 4:20. Mas o vento médio nesse percurso faz uma estima de 5 horas mais razoável. Um A320 gasta quase 2500 kg de fuel por hora. Para as 5 horas mais reserva e alternante serão necessárias, no mínimo 15 toneladas de fuel. O A320 pesa em vazio 42.6 tons. com esse fuel a bordo estamos com 57.6 tons. um a320 sem limitações poderá pesar 77 tons à descolagem, mas da pista do pico apenas pode sair com tão pouco como 68 tons (varia com muitos fatores mas pode atingir as 66 tons) Percebe-se assim que com 10.4 tons disponíveis para passageiros, e assumindo um peso por pax e bagagem de 100kg, apenas se pode transportar 104 pax num voo destes. Como é que pode dizer que não há limitações? E atenção, este cenário até é optimista.
Uma eventual solução viável seriam voos circulares pix-ter-bos. Outra, utilizar a nova geração de jatos regionais que podem operar com o seu peso máximo na pista do pico, se o seu alcance for sufucuente.
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