FACE
OCULTA
QUO VADIS PSD?
Após a
apresentação pública da AD - Açores/versão Borges de Carvalho e o PS –
Rosa/Mário Machado ficamos a aguardar aquilo que já se sabe: a candidatura
formal de Mota Amaral.
Ficará assim, definitivamente,
provado que nem o CDS nem o PS conseguiram arranjar, entre os seus militantes e
dirigentes, alguém que se candidatasse ao cargo de Presidente do Governo
Regional. Apenas o PS conseguiu.
Força ou fraqueza?
Eis a questão.
Será que o PSD é o único partido
que, na Região, consegue encontrar no seu seio um dirigente à altura de ser
Presidente do Governo ou será que se instalou naquele partido uma dinastia que
apenas a morte quebrará? Ou será que naquele partido as coisas se passam ao
contrário do que se passa no PS? Ou seja, enquanto que o PS não teve, pelo
vistos, outro remédio senão ir buscar um candidato ao exterior, o PSD não teve
outro remédio senão arranjar o mesmo candidato do interior?
Com efeito é estranho que o último
congresso regional do partido no poder, ao contrário do anterior, tenha sido um
congresso sem listas alternativas ou dissidências visíveis. Pressentiu-se que
nem tudo estava bem, mas nada mudou ainda que cosméticamente. Até ao contestado
Natalino Viveiros foi, calmamente, eleito vice-presidente do partido. O próprio
ex-vice presidente do Governo, Costa Neves escapou por uma unha negra e lá
acabou por ser «encaixado» por S. Miguel!
Assim, o PSD que sabia muito bem que teria que enfrentar
novos desafios e uma renhida contenda eleitoral, sai com uma imagem pública de
perfeita continuidade. Apenas com alguns dissabores de percurso como o show
parlamentar de Renato Moura, a cambalhota na eleição dos órgãos partidários da
Terceira ou a exótica saída de Borges Carvalho.
De resto tudo na mesma, como nada se
passasse! O que é estranhíssimo.
Toda a gente sabe o grande desgaste
que a figura de Mota Amaral sofre, hoje, na Região por causa dos longos anos de
governação que leva e por não ter sido capaz, na altura própria, de disciplinar
os barões do seu partido e de dar a imprescindível imagem de liderança forte e
de renovação. Os agentes económicos e a opinião pública anseiam por uma
renovação. De forma geral as pessoas estão fartas das mesmas pessoas, do mesmo
discurso, do omnipresente compadrio, da constante incompetência, etc. Mesmo
dispostas a votar no PSD, querem que algo mude.
A ideologia, pode dizer-se, morreu.
Muita pouca gente se preocupa, hoje
em dia e sinceramente, com a ideologia. O comunismo foi enterrado com pompa e
circunstância. O antigamente jaz morto e apodrece. A democracia cristã é um
ghetto sem pretensões a maioria, qualquer coisa entre um fundamentalismo
envergonhado e uma igreja sem sotaina. Ficam a social democracia e o
socialismo, uma espécie de Benfica-Sporting ou Sporting-Benfica, conforme os
gostos.
E é neste Benfica – Sporting/Sporting
– Benfica que consiste a política regional. Ninguém acredita a sério numa
vitória quer da CDU quer da AD - Açores. Foi isso que compreendeu o PS quando
se deixou de tretas e mandou a ideologia às malvas e «contratou» um treinador
«estrangeiro».
É isso que ainda ninguém entendeu se
o PSD percebeu.
O Dr. Mário Machado não vai,
obviamente, fazer um discurso ideológico. Primeiro porque sabe muito bem que a
força da sua imagem tem residido no facto de ter fama de partir a louça quando
é preciso e de resolver os problemas concretos. O PS pôs os seus líderes na
prateleira e mandou o socialismo a banhos porque, provavelmente, percebeu que
quem marca golos é que ganha. O resto é bom para tertúlias de intelectuais.
O PSD com a sua longa experiência
governativa sabe muito bem, também, que a sua permanência no poder tem muito a
pouco a ver com ideologia. Tem, sobretudo, a ver com a gestão adequada do
aparelho de estado regional nomeadamente no sentido de manter satisfeita a sua
clientela política habitual e de conquistar, se possível, faixas indecisas do
eleitorado que vacilam entre as vantagens de uma mudança com incógnitas e uma
situação que os não tem beneficiado mas cujos vícios conhecem.
A fase post-FLA, altamente inflamada
de ideologia, já lá vai muito tempo. O discurso da autonomia é, hoje em dia,
pouco mais do que um madrigal muito querido do Dr. Mota Amaral.
Por isso fica a dúvida se o PSD
percebeu o que se está a passar na política regional. Se tivesse percebido era
natural que se estivesse a afadigar com a aquisição de um naipe de novos
jogadores que viessem dar algum alento a um treinador que já empolgou as
multidões mas que, cada vez mais, se mostra pouco imaginativo e incapaz de
voltar a encher os estádios.
Percebe-se que o PSD não mude de
treinador porque não quer ferir a «velha» glória e porque se quer afirmar como
o único grande partido que apresenta um candidato genuinamente seu. Agora, não
se entende muito bem, porque não renova substancialmente o plantel e, porque
não (?), até não arranja um treinador adjunto!
A próxima contenda eleitoral
regional será renhida. Tem todos os ingredientes para isso. O voto terá a ver
com perspectivas de melhoria das condições de vida e oportunidades de emprego.
As ideologias contarão muito pouco. Como, aliás, está a acontecer por todo o
mundo.
Será que o partido no poder está
mesmo a perceber o que se passa?
Quo vadis PSD?
P
E D R O D A M A S C E N O
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